Aldeia de Santa Margarida

Comunicado

Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida

Face às notícias veiculadas nas últimas 24 horas e à forma como, infelizmente, estão a colocar em causa o bom nome da freguesia de Aldeia de Santa Margarida e as instituições aqui sedeadas, cumpre à Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida prestar alguns esclarecimentos:

• A Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida foi pelas 22h30 do dia 30 de abril, quinta-feira, surpreendida pela chegada de um grupo de 15 cidadãos romenos à vizinha freguesia de São Miguel D’Acha, oriundos do Município de Castro Marim;
• A informação chegou à Presidenta da nossa Junta de Freguesia através do Comando Territorial da GNR de Idanha-a-Nova, que nos contactou com o intuito de chegar à fala com o padre responsável pela Alma Bizantina - Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida, entidade de direito privado e à qual a nossa junta de freguesia não tem qualquer ligação;
• Fomos então informados que o grupo de 15 cidadãos romenos estaria em deslocação do concelho de Castro Marim (distrito de Faro) para a freguesia de São Miguel D’Acha (concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco), estando a sua chegada prevista na madrugada de sexta-feira, já em pleno período de proibição de circulação entre concelhos, como decretado pelo Governo ao abrigo do Estado de Emergência então em vigor no País. A informação terá sido prestada a esta força de segurança pelo Comando Territorial de Castro Marim;
• De acordo com as informações prestadas pelo responsável da Alma Bizantina, o grupo de 15 cidadãos romenos iria pernoitar duas noite num alojamento local (Casa Bem Haja) contratualizado para o efeito pela associação, antes de seguir viagem para Espanha, como aliás pretendiam desde a chegada ao nosso País a 25 de abril passado;
• Estas mesmas informações foram de imediato comunicadas à GNR de Idanha-a-Nova que, de seguida, as transmitiu ao presidente da Junta de Freguesia de São Miguel D’Acha e que, até aqui, desconhecia também a chegada do grupo;
• Segundo informações prestadas pelo responsável da associação ao início da tarde de sábado, a Alma Bizantina adquiriu bilhetes de avião para que estes 15 cidadãos romenos pudessem regressar ao seu país de origem ao final da tarde de sábado, dia 2 de maio, estando para tal previsto o fornecimento de transporte pela Proteção Civil Municipal de Idanha-a-Nova para que fosse possível efetuar a viagem até ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa;
• Ao que apuramos, e excetuando uma curta saída à rua na manhã de sexta-feira, dia 01 de maio, rapidamente revertida pelos militares da GNR de Idanha-a-Nova, os 15 cidadãos romenos estiveram sempre confinados no alojamento local contratualizado pela Alma Bizantina em São Miguel D’Acha.

Perante todos estes factos e informações que recolhemos, a Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida estranha que um grupo de 15 cidadãos romenos, devidamente identificado e vigiado pelas autoridades portuguesas desde o dia 25 de abril quando o mesmo foi barrado na fronteira do Caia (Elvas), tenha conseguido viajar desde o concelho de Castro Marim até ao concelho de Idanha-a-Nova, incluindo em pleno período de proibição de circulação entre concelhos, sem que nenhuma força de segurança os tenha identificado ou barrado ao longo de mais de 400 quilómetros por algumas das principais vias de comunicação rodoviária do Interior do País, atravessando vários concelhos e distritos.

A Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida estranha ainda que não tenha existido coordenação entre forças de segurança, Proteção Civil Municipal e autarquias quando, ao que sabemos, a deslocação do grupo de 15 cidadãos romenos era conhecida de várias autoridades.

A Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida lamenta ainda o tratamento discriminatório dado ao grupo de 15 cidadãos romenos e a forma como foram “empurrados” de concelho em concelho, acabando por ser uma associação sedeada na nossa freguesia, e sobre a qual, reforçamos, a Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida não tem qualquer autoridade, a resolver o problema e a fazer o investimento financeiro que permitiu a este grupo de 15 cidadãos romenos regressar ao seu país de origem.

Também por isso, a Junta de Freguesia de Aldeia de Santa Margarida agradece e enaltece o trabalho desenvolvido pela Alma Bizantina - Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida para resolver o drama humanitário em que se viram envolvidos estes 15 seres humanos.

Por fim, esclarecemos que, ao invés da mensagem que agora se tenta passar por algumas autoridades, em momento algum tivemos prévio conhecimento da chegada deste grupo à freguesia vizinha de São Miguel D’Acha. A vinda deste grupo desde o concelho de Castro Marim até ao nosso concelho apenas nos chegou ao conhecimento na noite de quinta-feira, dia 30 de abril, quando fomos contactados pela GNR de Idanha-a-Nova no sentido de chegar à fala com os responsáveis da Alma Bizantina. Lamentamos, contudo, que aqueles que desde início sabiam desta deslocação procurem agora descartar responsabilidades, tentando colocar o ónus da responsabilidade naqueles que sempre tentaram resolver o problema.

As gentes de Aldeia de Santa Margarida pautam a sua vida e a sua postura pelo respeito pelas mais elementares regras de vida em Sociedade e respeito pelo Ser Humano enquanto indivíduo independentemente da sua raça, etnia, nacionalidade, religião, convicções políticas e ideológicas, idade, estado de saúde, género, identidade ou orientação sexual.

Não abdicamos nem nunca abdicaremos desses valores. Nem perante um qualquer surto pandémico que irá mudar a nossa forma de ser.

Aldeia de Santa Margarida, 03 de maio de 2020