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Blogue para aqueles que têm raízes nesta freguesia do concelho de Idanha-a-Nova e não tiram do pensamento a aldeia que os viu nascer. Pretende-se divulgar a história e cultura da Aldeia e dar a conhecer o que por aqui acontece!
Na região da Beira Baixa, e de Aldeia de Santa Margarida em particular, é usual, já dizia A. Alfredo Alves na Revista Lusitana - que se encontra depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida" - no início do século XX, chamar-se pexêgos aos pêssegos, sobretudo se eles forem secos.
Na mesma obra, se falava já no pichorro e no picheiro. O primeiro mais não é do que um vaso de barro para vinho. O segundo é um vaso de barro, grande, que servia sobretudo para guardar as águas da lavagem dos utensílios da queijaria.
Atendendo à recolha feita por A. Alfredo Alves, na Revista Lusitana - que se encontra depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida" -, no início do séculos XX era usual na região de Aldeia de Santa Margarida beber-se a água por uma córna enquanto se comia a refeição a partir de um cóicho. A córna era um copo feito a partir de chifre de boi, também usado no Alentejo. Já o cóicho era uma espécie de prato feito a partir de cortiça. Para comer existia igualmente uma cochárra, uma colher feita de chifre.
Socorrendo-nos uma vez mais das notas de A. Alfredo Alves, na Revista Lusitana que se encontra depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida", era usual na região da Beira Baixa, e mais concretamente em Aldeia de Santa Margarida, por finais do século XIX e inícios do séculos XX, usar-se o termo anagoa para se referir a uma "saia de paninho branco". Este linguísta e investigador ilustra esta expressão com um pequeno verso de uma cantiga popular:
"Tomei amores c'um padre,
Nunca melhor coisa fiz;
Logo me fez uma anagoa
Da sua sobrepeliz."
De acordo com os relatos de A. Alfredo Alves, na Revista Lusitana, que se encontra depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida", por finais do século XIX e inícios do séculos XX, era usual na região da Beira Baixa, e mais concretamente em Aldeia de Santa Margarida, chamar-se malhada ao espaço onde está o bardo e a choça do pastor. Refere igualmente A. Alfredo Alves que "há também malhada de porcos, que em logar de bardo tem abrigos cobertos de colmo, que se chamam furdões".
Recorda-nos A. Alfredo Alves, na Revista Lusitana, depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida", que, por alturas de 1890-1892 (altura em que foi publicado o Volume II da Revista Lusitana), que era usual na nossa aldeia chamar de alimél o animal.
E que em dias de festa havia bálho, ou baile como hoje se diz. Para ir aos bálhos, e porque na época o carro ainda era só um sonho na mente de alguns, havia que se servisse do burréco, uma forma mais "carinhosa" de falar dos burros.
Mas pronto, como o São Martinho está aí quase à porta, e há vinho novo para provar, aqui para o escritor destas linhas pode vir meia-lata. Ou meio quartilho, para quem não sabe o que isso é...
De acordo com a Revista Lusitana, depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida", na nossa aldeia, assim como em toda a região da Beira Baixa, era habitual, em tempos mais antigos, usar-se a expressão iscambalhar quando as pessoas se queriam referir a estragar ou destruir.
É algo desagradável ter uma casa que arrecende1. Por isso, o melhor mesmo é fazer umas limpezas profundas, ainda para mais no Verão, em que o calor potencia os maus cheiros. Usando muita augua2, preferencialmente.
1 - Arrecender significa cheirar mal.
2 - Água.
* Tendo como fonte a Revista Lusitana, depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de"Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida".
Antigamente, pelas aldeias de Portugal costumavam aparecer os farrapeiros, homens que andavam pelas povoações recebendo trapos velhos e dando em troca, entre outras coisas, agulhas e linhas.
É claro que também existiam os futriqueiros, vendedores de objectos de pequeno valor, miudezas, dedais, agulhas, cordões e muitas outras coisas.
* Tendo como fonte a Revista Lusitana, depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de"Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida".
Para quem não sabe, e tendo em conta que a recolha efectuada por A. Alfredo Alves data dos finais do século XIX - o Volume II da Revista Lusitana data de 1890-92 -, por essa altura, na freguesia de Aldeia de Santa Margarida, e naturalmente em toda a região de Idanha-a-Nova e Penamacor, era habitual a população chamar barruma1 às verrugas que aparecem nas mãos e que, por vezes, tanto incomodam.
Também na revista que se encontra depositada no Instituto de Camões, e mais concretamente no capítulo de"Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida", é também explicado que a bochinca são pústulas pequenas, vesículas purulentas.
1 - Segundo nota do autor, o povo pronunciava barruma talvez por influência da palavra verruma.
Olhem que é bem verdade. Hoje em dia há por aí muito bajoujo1. Mas depois também há o benzilhão2. Não o confundam é com a bruxa3, que podem ter uma surpresa.
1 - Alguém pouco inteligente, ingénuo, quase imbecil.
2 - Homem entendido em feitiçarias e bruxedos, que receita remédios contra malefícios e mau-olhado, principalmente.
3 - Panela de barro com largos orifícios onde se queima o carvão para servir de braseiro.
* Tendo como fonte a Revista Lusitana, depositada no Instituto de Camões, e em referência no capítulo de "Notas sobre a linguagem de Aldeia de Santa Margarida".